domingo, 2 de março de 2014

Photographia(S)

Ao Manuel Saraiva:

Concluo hoje a leitura do livro "Os Níveis da Vida" de Julien Barnes [Quetzal, 2013]. Confesso que retardei o momento. Sendo um romance (?) curto é longo no seu alcance. Raízes bem adentro do solo. Fala de perda e do seu luto. É, por todas as razões, uma escrita desalinhada com a inquietante ditadura da felicidade instantânea, da felicidade pronta a consumir. É uma escrita esperançosa porque mais não versa que a capacidade que o Amor tem de reviver o que julgamos perdido. É profundamente humano: Não há truques, nem soluções de algibeira. Duma sorte, a um tempo, todos vestimos ou vestiremos estas palavras. Poderia ser um testemunho sobre a morte (qualquer que ela seja) e, contudo, é sobre vida. Do que literalmente sobrevive. Reitero a convicção de que as coisas nos escolhem e convocam. Creio que, por muitas razões, foi o caso: "É isto que os que não atravessaram o trópico da dor quase nunca são capazes de entender: o facto de alguém estar morto pode querer dizer que não está vivo, mas não quer dizer que não exista." Rememoro e comemoro todos e tudo o que perdi porque, bem vistas as coisas, nada perdi, tudo ganhei. Obrigado porque vos sei os nomes. Um por um, sei-os!



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