domingo, 9 de fevereiro de 2014

Photographias

"Se reparares bem as aves têm rumos que deixam no ar traços de altos voos. Sim, há segredos. Se bem reparares os corpos são mapas de caminhos: da boca à boca, das mãos às mãos, dos olhos aos olhos. As árvores encimam sombreiam vestem-se e despem-se da folhagem e são estações quatro vezes por quatro distintas razões de ser uma só. Os rios são do mar e ambos num são lugares para que possamos nadar as nossas próprias correntes e delas libertarmos-nos, desenhando a traços de espuma rumos de liberdade. Sim há segredos! Se atentares nota que os corpos falam: a boca na nascente da boca, a mão abrindo-se na mão e os olhos em flor. Vê que os cavalos bravos e livres com suas longas e horizontais crinas de vento sulcam altivos e verticais a invernia e que o chão, como um tambor, repercute a leveza da dança pagã dos seus pesados cascos e que rumam alados com as suas (inexistentes) asas aos esplendores dos céus. Os corpos são segredos: fundem-se e refundam-se num bazar de bocas, mãos e olhos; são cordas instrumentais que produzem sons de amor e clamor. E ressoa uma voz, a voz mesma que convoca os dias e as noites, que nos concede e tira que eleva e derruba que nos dá o alto e o raso e por fim se cala. E somos sós e meninos e medo mudo no grande segredo do teatro do mundo." Filipe M.



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