"Se reparares bem as aves têm rumos que deixam no ar traços de altos voos. Sim, há segredos. Se bem reparares os corpos são mapas de caminhos: da boca à boca, das mãos às mãos, dos olhos aos olhos. As árvores encimam sombreiam vestem-se e despem-se da folhagem e são estações quatro vezes por quatro distintas razões de ser uma só. Os rios são do mar e ambos num são lugares para que possamos nadar as nossas próprias correntes e delas libertarmos-nos, desenhando a traços de espuma rumos de liberdade. Sim há segredos! Se atentares nota que os corpos falam: a boca na nascente da boca, a mão abrindo-se na mão e os olhos em flor. Vê que os cavalos bravos e livres com suas longas e horizontais crinas de vento sulcam altivos e verticais a invernia e que o chão, como um tambor, repercute a leveza da dança pagã dos seus pesados cascos e que rumam alados com as suas (inexistentes) asas aos esplendores dos céus. Os corpos são segredos: fundem-se e refundam-se num bazar de bocas, mãos e olhos; são cordas instrumentais que produzem sons de amor e clamor. E ressoa uma voz, a voz mesma que convoca os dias e as noites, que nos concede e tira que eleva e derruba que nos dá o alto e o raso e por fim se cala. E somos sós e meninos e medo mudo no grande segredo do teatro do mundo." Filipe M.
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