sábado, 16 de abril de 2011

Maria, Cavakov e Tudo o Mais - Companhia Teatral do Chiado

Maria, Cavakov e Tudo o Mais é a nova peça que a Companhia Teatral do Chiado de Juvenal Garcês estreou ontem, com grande êxito.

Esta peça, aprovada pelo PEC4 (Plano Entretenimento e Comédia), conta com o Pedido de Casamento de Anton Tchekhov, um poema de Alexandre O'Neill e muitas referências ao cinema mundo, aos inicios do cinema sonoro, a Buster Keaton, gestos e situações de Laurel & Hardy e houve até quem visse uma referência ao teatro de Lourdes Castro.

Seja como fôr, esta é uma aposta ganha por Juvenal Garcês que, paulatinamente, tem vindo a criar nos últimos anos uma "revolução estética" do seu modo de fazer teatro, onde "less is more" (veja-se, a exemplo, as peças Antes de Começar e Amor com Amor se Paga - Um acto teatral para Mário Viegas).

O bom gosto "grotesco" (parece contrasenso, mas não é), a enorme sensibilidade e humanidade que imprime nas personagens e um non-sense desconcertante mas comovente, são os trunfos de mestre das encenações de Juvenal.

Duarte Grilo é exímio na expressão corporal e utilização vocal, interpretando um "Noivo" hipocondriamente apaixonado até ao momento em que lhe metem a mão nas propriedades.

Fábio Sousa, a figura feminina da peça, constrói uma fogosa "Noiva", bipolar da doçura ao histerismo, com grandes momentos em cena, em que julguei estar perante uma marioneta.

João Carracedo, o "Pai e Sogro" e tudo o mais, interpreta com muito humor e à-vontade as situações em cenas e cabe-lhe o extraordinário momento dizer o discurso fúnebre a Cavakov, com palavras de Alexandre O'Neill.

Uma palavra para a brilhante execução do cenário, salientando um extraordinário coração-baloiço que nos remete a uma mistura de Moulin Rouge com um postal de amor dos anos 30.

No fim, rebuscando a velha tradição da Revista à Portuguesa, distribuí-se pelo público o refrão da letra de Chaplin - Smile - e assim, em perfeita comunhão, somos levados a cantar, a sorrir e amar, cada vez mais, o Teatro da Companhia Teatral do Chiado.

Em cena Sextas e Sábados, no Teatro Estúdio Mário Viegas (Chiado, Lisboa), às 21 horas.

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