quinta-feira, 16 de abril de 2009

o negócio da enfermeira na prisão...

Paços de Ferreira

Enfermeira levava telemóveis dentro de sandes para a prisão

Era manhã. A enfermeira chegou ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira com a malinha de objectos pessoais e com o saquinho da merenda. Passou a malinha pelo aparelho de raio-x que está na portaria e o saquinho à parte. Um guarda pediu-lhe para passar a merenda pelo detector de metais. A enfermeira indignou-se. E a sua reacção intempestiva atiçou os guardas. Dentro do saquinho, entre dois iogurtes, duas maças, havia dois telemóveis dissimulados em duas sandes embrulhadas em papel de cozinha.
A Direcção-Geral dos Serviços Prisionais confirma o episódio ocorrido a 31 de Março de 2009. “Foram, de imediato, accionados os competentes mecanismos de investigação, estando a correr processo disciplinar, no âmbito do qual foi determinada a imediata suspensão preventiva da funcionária”, esclarece, por e-mail.
A prisão já andava em pulgas. Só este ano, já tinham sido apreendidos 27 telemóveis. Uma noite, houve uma revista a 12 celas que resultou na apreensão de dez telemóveis. A direcção do estabelecimento prisional decidiu apertar a vigilância a funcionários, presos e visitas sem imaginar que iria chegar a uma enfermeira com mais de uma década de casa.
O número de apreensões de telemóveis dentro das prisões cresceu de forma consistente nos últimos anos: 295 em 2005, 583 em 2006, 946 em 2007, 1092 em 2008, 230 até 30 de Março de 2009. E estes são os produtos proibidos que mais preocupam a directora-geral dos serviços prisionais, Clara Albino. Encara-os como potenciadores de insegurança e de criminalidade.
"Em ambos os casos [droga e telemóveis] a prevenção da entrada destes tem de ser reforçada. Temos tido pouca capacidade de detecção à entrada do Estabelecimento Prisional", assumiu em Março, na apresentação do plano integrado de prevenção e controlo da entrada e circulação de estupefacientes e outros bens ilícitos em meio prisional
Os reclusos têm até um número limitado de números para os quais podem ligar por causa dos que a partir da prisão organizam assaltos ou dirigem redes de tráfico de droga. Os telemóveis funcionam como uma arma, que até pode ser usada para forçar alguns a colaborar. “Os donos do negócio arranjam telemóveis e conseguem os números de familiares do recluso X. Depois ligam às pessoas e fazem ameaças", explicou há pouco o presidente do Sindicato da Guarda Prisional, Jorge Alves.
O preço de um telemóvel é variável, mas pode ir até os dois mil euros. Nalgumas cadeias há um negócio de chips, cujo preço pode alcançar 750 euros.

"Paços de Ferreira - Enfermeira levava telemóveis dentro de sandes para a prisão" in Público Online, 15-IV-2009

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