quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Queer Cabaret, segundo ‘round’

Bruno Horta antevê o espectáculo especial de travestis que esta quinta-feira vai animar o Maxime

Depois da hora de jantar, entram a correr pela porta giratória do Maxime, com trolleys cheios de perucas, maquilhagem e vestidos de lantejoulas. Entram no camarim. Por volta da meia-noite, saias rodadas, postiços no sítio certo, nervos devidamente em franja, empurram a cortina do palco para longe e entram em cena.

Primeiro, a diva – Deborah Kristal, de sua graça. Estola aos ombros e gestos afinados para se transformar por alguns minutos na também muito diva Simone de Oliveira. A seguir, uma hora de entra e sai, cantas tu ou danço eu, com Samantha Rox, Betty Brown, Cindy Scrash e o bailarino Victor Hugo.

Assim será, pomos as mãos no fogo, a segunda edição do Queer Cabaret, no Maxime, à Praça da Alegria – esta quinta-feira, dia 26. Um espectáculo para ‘heteros’ curiosos, cheio do glamour e com o ambiente “quase-decadente-a-resvalar-para-a-tragédia-mas-com-muito-nível-e-orgulho-gay” que só o transformismo consegue criar.

A primeira noite do género foi em inícios de Dezembro e correu bem – apesar de o som estar claramente a pedir mais potência. A casa estava cheia e o público encantou- -se (não se cansou de bater palmas, pelo menos) com algumas das principais vedetas do travestismo lisboeta. Sim, porque Deborah Kristal e amigos, todos artistas residentes da discoteca Finalmente, são a fina flor da arte do feminino e do playback.

Cálssio, um sempre atento blogue lisboeta, sentenciava em Dezembro, na véspera da estreia do espectáculo: “Tirá-las do Finalmente é fácil, o difícil é tirar o Finalmente delas”. A frase, que é venenosa, claro, pode ter o condão de ser certeira. Mas não conta a história toda.

Para os frequentadores da discoteca da Rua da Palmeira os números musicais apresentados neste Queer Cabaret não são novidade. Cindy como Céline Dion, Deborah como Shirley Bassey, Victor como David Bisbal, Betty como Lisa Minelli e Samantha como Tina Karol. Já todos viram e sabem como é.

Mas para os outros, os que não investem nas madrugadas e nos circuitos gays, o Queer Cabaret, mesmo que traga agarrada a aura do Finalmente, há-de ser sempre uma grande novidade.

Aliás, é para um público generalista, e não temático, que este espectáculo é pensado, como disse à Time Out Joana Morgado, relações públicas do Maxime. Uma espécie de travestismo que sai do gueto, o que só pode ser uma boa notícia.

Além disso, servem estes Queer Cabaret para encher o Maxime nas noites de quinta-feira – noites que a crise tem tornado cada vez mais mornas.

Como em quase todos os espectáculos de travestis, depois das canções há uma espécie de stand-up comedy burlesco, em que alguns dos senhores espectadores são chamados a palco para um minuto de conversa animada com a anfitriã da noite (a senhora dona Deborah, neste caso). Vá-se preparando.

A entrada custa oito euros e as portas abrem-se às 22.00, com o show a começar duas horas depois. Se não puder lá estar desta vez, não precisa de entrar em desespero. O Queer Cabaret regressa de três em três meses.

in Time Out

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