quarta-feira, 27 de maio de 2015
ÚLTIMAS REPRESENTAÇÕES: "A Noite do Choro Pequeno"
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Festa do 3º Aniversário da Buzico!
Não percam a reportagem da TVI Ficção: http://www.tvi.iol.pt/programa/camara-exclusiva/4989/videos/344649/video/14183970/1
domingo, 13 de julho de 2014
"E depois do amor / E depois de nós, o adeus / O ficarmos sós!!!"
Desde o primeiro dia, ou melhor, desde que vi o primeiro ensaio, quase corrido, que estou com vontade de escrever sobre o espectáculo 74.14, mas ainda não o tinha conseguido fazer. A estreia passou, os dias passarm, as semanas também e acabei por não conseguir escrever nada. Depois da estreia fui assistindo nas redes sociais, aos vários posts, dos intervenientes no espectáculo, amigos, mas principalmente do público em geral. Fui também assistindo ao surgir das fotografias dos vários fotógrafos que acompanharam o espectáculo no Coliseu dos Recreios de Lisboa, na sala e nos bastidores. Posso dizer, que o saldo, felizmente, é bem mais do que positivo. Fui absorvendo, ao longo dos dias, todos os textos e imagens, como se tratassem de uma corrente eléctrica, que carregava as minhas baterias, gastas durante todo o tempo de pré-produção e produção do espectáculo 74.14, principalmente na recta final; última semana.
Este projecto, na sua gênese, foi uma aventura desenha pelo amigo Henrique Feist, para lançar a sua própria produtora, a ArtFeist Produções Artísticas, mas acabou por contar com o meu apoio, através da Buzico! Produções Artísticas, para produzirmos mais uma vez juntos, um projecto dele. Até à data, já tínhamos produzimos dois espectáculos da sua autoria: Broadway Baby - A História do Musical Americano e Esta Vida É Uma Cantiga.
A nossa aventura de produção do espectáculo 74.14, começou logo com a escolha do elenco, mas principalmente, com a definição do que é que o Henrique queria, como: número de cantores, de elementos do coro, de bailarinos e de orquestra. A partir do momento em que isso ficou determinado, o Henrique, então, começou um longo e árduo trabalho, o de escrita e depois de dirigir o espectáculo.
Logo nas primeiras leituras do texto do espectáculo, percebi que tínhamos mais um sucesso em mãos. Mais uma vez senti, que estávamos a trabalhar em prol do público: o nosso e aquele que ainda não conhece bem o nosso trabalho. Sim, porque o principal objectivo, pelo qual produzimos espectáculos é: entreter o nosso público e sempre que possível atrair novos públicos. Posso dizer, com segurança, "prova superada".
Os ensaios e toda a preparação do espectáculo, foi um processo muito complicado, mas mais uma vez digo, "prova superada". Tínhamos que coordenar as disponibilidades de todos (cantores, bailarinos, coreógrafos, maestro e direcção artística) para os ensaios, criar o cenário, escolher o guarda-roupa e como não podia deixar ser, até porque estamos em Portugal, tratar de toda a burocracia necessária para apresentar um espectáculo ao público, mais uma vez digo "prova superada".
As escolhas artísticas de Henrique Feist, não podiam ter sido as melhores: o maestro Nuno Feist, também responsável pelos arranjos dos temas interpretados no espectáculo, como sempre no seu melhor; os coreógrafos Clare Feist e Marco Mercier, cada um responsável por dois blocos de décadas, magníficos nas suas escolhas para cada um dos temas que pedia uma coreografia; os intérpretes Lúcia Moniz, FF, Vanessa, Rui Andrade, Suzy e o próprio Henrique Feist, os elementos do coro e também solistas, Daniel Galvão, Joana Almeida, Jonas Cardoso e Sandy Soares foram irrepreensíveis, fazendo suas as canções que marcaram estes 40 anos. Os bailarinos: Andreia, Jonas, Kelly e Marcelo, foram exímios na execução das coreografias que lhes foram pedidas, e acrescentaram um brilho muito especial a todo o espectáculo. Os músicos, ou melhor a orquestra, mostraram uma unidade melódica coerente, que realçou, tanto o seu trabalho, bem como, os arranjos e a direcção do maestro Nuno Feist.
As várias equipas que trabalharam nos bastidores do espectáculo (assistente de direcção artística, assistentes de guarda-roupa, direcção de cena, maquilhagem, cabelos, som, luzes e produção) estão todos de parabéns; se não fosse a perfeita combinação de todos, nada disto teria sido também possível. Por isto mesmo, muito obrigado: Bruno Rosa, Isabel Guerreio, Paulo Santos, Sara Villas, Sara Garrinhas, Ricardo Figueiredo, Tita Costa,Elsa Abrantes, e muito em especial Ricardo Spínola, Ricardo Diniz e Clara Faria Artur.
Não podia faltar um obrigado à equipa do Coliseu dos Recreios de Lisboa, que mais uma vez nos recebeu de braços abertos.
Não posso terminar os agradecimentos, sem agradecer a todos os que me aconpanham no dia-a-dia da Buzico! Produções Artísticas, sem os quais nada disto seria possível, o meu eterno obrigado: Clara, Ricardinho e Bruno.
Last but not least, foi, é e será sempre um prazer trabalhar com os meus amigos Henrique Feist e Ricardo Spínola; foi, é e será sempre um motivo de orgulho para mim e para aBuzico! Produções Artísticas, dividir convosco, através da ArtFeist Produções Artísticas, a produção de qualquer espectáculo. Obrigado por partilhar convosco estes projectos.
Bem hajam a todos.
Saudações Teatrais
Duarte Nuno Vasconcellos
sexta-feira, 25 de abril de 2014
A safra deste ano, o primeio single do álbum SAFFRA, o novo trabalho discográfico de FF
"SAFFRA é a colheita deste ano. Um projeto que funde a música tradicional portuguesa com a modernidade do Fado e que desperta cinematograficamente através da sonoridade clássica. Das cordas e percussão, ressalta a pureza do piano de Tiago Machado, produtor e co-autor de um disco que une composições de Diogo Clemente, Dulce Pontes, Manuel Paulo, Jorge Fernando e Tiago Torres da Silva. Fernando Fernandes, FF, é a voz destas canções, revelando, pela primeira vez, a sua essência enquanto cantor e compositor naquele, que considera ser o seu primeiro disco a solo. De forma naif mas consciente, SAFFRA transporta-nos à infância, balançando no peso da Saudade mas sempre com o optimismo da colheita."
sexta-feira, 18 de abril de 2014
quinta-feira, 27 de março de 2014
Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2014, por Brett Bailey
Wherever there is human society, the irrepressible Spirit of Performance manifests.
Under trees in tiny villages, and on high tech stages in global metropolis; in school halls and in fields and in temples; in slums, in urban plazas, community centres and inner-city basements, people are drawn together to commune in the ephemeral theatrical worlds that we create to express our human complexity, our diversity, our vulnerability, in living flesh, and breath, and voice.
We gather to weep and to remember; to laugh and to contemplate; to learn and to affirm and to imagine. To wonder at technical dexterity, and to incarnate gods. To catch our collective breath at our capacity for beauty and compassion and monstrosity. We come to be energized, and to be empowered. To celebrate the wealth of our various cultures, and to dissolve the boundaries that divide us.
Wherever there is human society, the irrepressible Spirit of Performance manifests. Born of community, it wears the masks and the costumes of our varied traditions. It harnesses our languages and rhythms and gestures, and clears a space in our midst.
And we, the artists that work with this ancient spirit, feel compelled to channel it through our hearts, our ideas and our bodies to reveal our realities in all their mundanity and glittering mystery.
But, in this era in which so many millions are struggling to survive, are suffering under oppressive regimes and predatory capitalism, are fleeing conflict and hardship; in which our privacy is invaded by secret services and our words are censored by intrusive governments; in which forests are being annihilated, species exterminated, and oceans poisoned: what do we feel compelled to reveal?
In this world of unequal power, in which various hegemonic orders try to convince us that one nation, one race, one gender, one sexual preference, one religion, one ideology, one cultural framework is superior to all others, is it really defensible to insist that the arts should be unshackled from social agendas?
Are we, the artists of arenas and stages, conforming to the sanitized demands of the market, or seizing the power that we have: to clear a space in the hearts and minds of society, to gather people around us, to inspire, enchant and inform, and to create a world of hope and open-hearted collaboration?
Brett Bailey
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[Tradução Portuguesa - versão oficial]
Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação.
Debaixo das árvores, nas pequenas cidades e sobre os palcos sofisticados das grandes metrópoles, nas entradas das escolas, nos campos, nos templos; nos bairros pobres, nas praças públicas, nos centros comunitários, nas caves do centro das cidades, as pessoas reúnem-se para comungar da efeméride do mundo teatral que criámos para expressar a nossa complexidade humana, a nossa diversidade, a nossa vulnerabilidade, em carne, em respiração e em voz.
Reunimo-nos para chorar e para recordar; para rir e para comtemplar; para ouvir e aprender, para afirmar e para imaginar. Para admirar a destreza técnica, e para encarnar deuses. Para recuperar o folego coletivo, na nossa capacidade para a beleza, a compaixão e a monstruosidade. Vivemos pela energia e pelo poder. Para celebrar a riqueza das várias culturas e para afastar as fronteiras que nos dividem.
Desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação. Nascido na comunidade, veste as máscaras e os trajes das mais variadas tradições. Aproveita as nossas línguas, os ritmos e os gestos, e cria espaços no meio de nós.
E nós, artistas que trabalhamos o espírito antigo, sentimo-nos compelidos a canalizá-lo pelos nossos corações, pelas nossas ideias e pelos nossos corpos para revelar as nossas realidades em toda a sua concretude e brilhante mistério.
Mas, nesta ERA em que tantos milhões lutam para sobreviver, está-se a sofrer com regimes opressivos e capitalismos predadores, fugindo de conflitos e dificuldades, com a nossa privacidade invadida pelos serviços secretos e as nossas palavras censuradas por governos intrusivos; com as florestas a ser aniquiladas, as espécies exterminadas e os oceanos envenenados. O que é que nos sentimos obrigados a revelar?
Neste mundo de poder desigual, no qual várias hegemonias tentam convencer-nos que uma nação, uma raça, um género, uma preferência sexual, uma religião, uma ideologia, um quadro cultural é superior a todos os outros, será isto realmente defensável? Devemos insistir que as artes sejam banidas das agendas sociais?
Estaremos nós, os artistas do palco, em conformidade com as exigências dos mercados higienizados ou será que têm medo do poder que temos para limpar um espaço nos corações e no espirito da sociedade, reunir pessoas, para inspirar, encantar e informar, e para criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?
Tradução: Margarida Saraiva; revisão Eugénia Vasques; Escola Superior de Teatro e Cinema
Fonte: http://www.world-theatre-day.org
segunda-feira, 24 de março de 2014
sábado, 8 de março de 2014
Phographia(S)
"Velho(a), adjectivo ganho ao substantivo do tempo. Andarilhos da memória. Doces, rabugentos, sorridentes, entristecidos, esquecidos. Flores de rua a quem dão a mão no convite da viagem. Nos seus bordões resistem à inclinação dos dias, ao fraquejar da firmeza das ruas, à tibieza do esquecimento e às bermas das vias-rápidas do utilitarismo voraz. Gosto dos meus velhos; agradeço os meus velhos. Vasos de todas as guerras, porta-tudo: os filhos que são, os pais que são, os avós que são, os irmãos, amigos e vizinhos e amantes que são e, ainda e sempre, os meninos que são! São. Existem, vibrantemente opacos. Olhares marinheiros, mãos nodosas, mãos raízes que nos dizem que são árvores os lugares onde paramos para sabermos quem somos. Os velhos dizem-nos meninos os nossos pais. E num instante os nossos próprios pais são velhos e dizem aos nossos filhos que ainda temos medos meninos. Às vezes, vejo-os em docas secas privados das suas marés e não perceber que são as nossas praias que morrem da míngua das águas que lhes são supostas. E não perceber que, generosamente, são eles as telhas que travam a borrasca ou a inclemência dos sóis desta juventude vã e adorada como bezerros d'oiro. Apeadeiros do nosso cansaço, unguento das nossas feridas. E, às vezes, pedem-nos apenas colo, direito de amor dessa meninice ganha à idade dos dias, ao fraquejar dos dias, dos dias que, distraídos, lhes retiraram amores onde mora pleno o desejo e fizeram de seus pais e filhos criados (quando os há) uma infinita lonjura de saudade. Os velhos são escadas de farol. Bato-lhes à porta e subo por seus degraus de caracol e acedo à montra dos seus olhos: salas todas elas de vidro das quais diviso seus vastos mares e seus barcos vários de viajar. E quando tenho medos (oh, se os tenho!) peço-lhes porto nas suas mãos de faroleiros que acendem lâmpadas grandes, e estas, girando a trezentos e sessenta graus, alumiam-me e dizem do infundado dos meus medos e devolvem-me à cama, ajeitam-me a roupa e beijam-me os sonhos, ternos como algodão-doce de feira e prodigiosos como os dias de ida ao circo. E na acalmia das minhas tribulações soltam as amarras desse mundo, que, generosos, me dão a ver e que, talvez com sorte, poderei vir a Ser. Isto é: um rabugento e venturoso velho de mãos abertas ao mundo até ao derradeiro grau da ampulheta mágica...!" Filipe M.
terça-feira, 4 de março de 2014
Impressões & Imprecações
O corpo, e dele a sexualidade e o prazer, é campo (ainda) de múltiplos interditos. Que o diga a Igreja, cuja modelação da sua percepção simbólica e práticas visou, não há muito, a sua neutralização e adestramento. E fê-lo sob o manto hediondo da culpa, polícia interiorizada, redundando numa clara distorção do que pode e deve ser uma ética pessoal conducente a um imperativo, por maioria de razão, cristão, mas não só, obviamente, de felicidade. Aliás o livro V da Bíblia, 'Cântico dos Cânticos!, ilustra a beleza do corpo, da sexualidade e do Amor e, não por acaso, tão ignorado. O filme 'Filomena' é também sobre isto. A inculcação duma culpa, a punição abjecta dum suposto pecado; isto é: uma anti-Igreja geradora de dor, de perpetuação dessa dor, e cujos fautores (no caso as freiras irlandesas que 'acolhem' jovens mães adolescentes) ilustram à saciedade aquilo a que os gregos chamaram Húbris - o orgulho; a soberba dos que se julgam detentores da Virtude como uma espada inclemente. Mas é mais: é também sobre o reajuste e o resgate da memória e dos afectos (tão-só aparentemente) desbaratados, da auto-percepção da culpa, vergonha (e segredo) e da sua superação. É, em determinada instância, um filme de reencontros. E se as clivagens são próprias do património geracional de cada personagem é na sua confrontação que resulta o desenho das limitações inerentes a cada uma delas, o que equivale dizer que todas comportam afinal 'uma visão do mundo'. Mas o que subjaz é que tal facto pode não ser um fatalismo. Assim haja vontade. É também uma história (paralela) de rumos convergentes. Longe de fazer do Amor uma jornada delico-doce, 'Filomena' retrata com fidelidade que este é, a mor das vezes, um lugar de chegada e não um dado adquirido à partida.
['Filomena', 2013. Realização: Stephen Frears; argumento: Jeff Pope e Steve Coogan; interpretações (protagonistas): Judi Dench e Steve Coogan].
domingo, 2 de março de 2014
Photographia(S)
Ao Manuel Saraiva:
Concluo hoje a leitura do livro "Os Níveis da Vida" de Julien Barnes [Quetzal, 2013]. Confesso que retardei o momento. Sendo um romance (?) curto é longo no seu alcance. Raízes bem adentro do solo. Fala de perda e do seu luto. É, por todas as razões, uma escrita desalinhada com a inquietante ditadura da felicidade instantânea, da felicidade pronta a consumir. É uma escrita esperançosa porque mais não versa que a capacidade que o Amor tem de reviver o que julgamos perdido. É profundamente humano: Não há truques, nem soluções de algibeira. Duma sorte, a um tempo, todos vestimos ou vestiremos estas palavras. Poderia ser um testemunho sobre a morte (qualquer que ela seja) e, contudo, é sobre vida. Do que literalmente sobrevive. Reitero a convicção de que as coisas nos escolhem e convocam. Creio que, por muitas razões, foi o caso: "É isto que os que não atravessaram o trópico da dor quase nunca são capazes de entender: o facto de alguém estar morto pode querer dizer que não está vivo, mas não quer dizer que não exista." Rememoro e comemoro todos e tudo o que perdi porque, bem vistas as coisas, nada perdi, tudo ganhei. Obrigado porque vos sei os nomes. Um por um, sei-os!
Photographia(S)
"De quantos fios se faz um fim-condutor? Entre um final e um princípio ocorre-me uma ponte: duas margens num rio. Quantos fins comporta um fim? Ocorre-me uma árvore e seu tronco e seus ramos e outros tantos a bordejarem céus. Não creio que os haja. Dizemo-los porque as palavras pedem coisas que as criem para que sejam dizíveis. Da mesma sorte as cartas pedem para serem escritas, para que sejam lidas e relidas e esquecidas. Assim a tristeza. Em tonalidades; tantas quantas as inclinações da luz. E somos isso: Um relógio de Sol cujas sombras se expandem e retraem na sua órbita. Quantos começos confinam um fim? Ocorre-me um bater de asas, do ir e vir: Lonjura e regresso. Fio-de-terra: Para que entre a terra e o céu Possamos. Ser. E na península do mais extremo dos ramos um botão predizendo a flor." Filipe M.